A madrinha tinha-lhe dado um anel. Não seria grande
coisa, um enfeite apenas, mas a Lídia gostava muito do seu
anelinho.
De uma vez que ela estava a fazer bolas de sabão, à beira
de um lavadoiro público, o anel escorregou-lhe do dedo e
caiu à água. Há que dizer que o tanque era fundo.
Por perto, nenhuma pessoa crescida. Que fazer?
A Lídia experimentou com uma cana, mas como a água
estava turva, não deu com o anel.
Então, e só então, a Lídia chorou.
Um senhor que ia a passar, viu-a nesta desolação e
perguntou-lhe o que sucedera. Ela contou.
– Vamos lá ver se eu resolvo a situação – disse o senhor,
tirando o casaco.
Arregaçou a manga da camisa e enfiou o braço na água.
Tacteia aqui, tacteia ali, encontrou o anel.
– Cá está ele – exclamou, mostrando um rico anel de
diamantes.
Mas a Lídia disse que não era aquele o anel que ela
perdera. Quem lhe dera! O anel dela era pobre, com uma
pedrinha verde, a fingir uma esmeralda.
– Será este? – perguntou o senhor, trazendo ao de cima
um magnífico anel, com uma esmeralda autêntica.
Realmente, o que se perde a lavar a roupa... Aquele
lavadoiro público era uma joalharia.
Que não senhor, que aquele anel também não lhe
pertencia, respondeu a Lídia, com olhos de inocente.
À terceira o senhor achou o anel da Lídia, que ficou
muito feliz. Agradeceu e dali partiu, aos saltinhos.
Depois, foi contar à sua amiga Elisa o que se passara.
– E o senhor ainda ficou onde o deixaste? E os outros
anéis? – perguntou a Elisa, com olhos de cobiça.
Nem esperou pela resposta. Foi a correr para o pé do
lavadoiro e pôs-se a chorar, numa grande gritaria.
O senhor, que devia ser mágico ou algo parecido, não
tardou em aparecer.
Quando perguntou a razão da choradeira, a menina Elisa
contou que tinha acabado de perder dois anéis, um de
diamantes e outro de esmeraldas, dois anéis valorosíssimos
que a madrinha, uma senhora riquíssima, lhe tinha dado
pelos anos... Enquanto ouvia, o senhor fingia-se muito
condoído.
Fez-lhe mais perguntas. Pediu mais pormenores e, no
fim, disse:
– Estou tão interessado no que a menina me conta,
porque soube, ainda agora, que esses anéis foram
roubados. O melhor é irmos à esquadra da polícia, para que
se esclareça bem tudo o que aconteceu. E, de caminho,
passamos por casa da sua madrinha.
Qual caminho nem meio caminho! Ouvindo isto, a Elisa
desatou a fugir, nem que viesse um esquadrão de polícias,
a correr atrás dela.
O tal senhor, esse ria, ria a bom rir.
Agora vem a história DAS DUAS
PANELAS
Eram duas panelas. Uma de ferro e a outra de barro.
Estavam as duas à venda, entre outras panelas e tachos,
num mercado, à beira da estrada.
– Quanto custa aquela? – perguntou um homem,
apontando a panela de ferro.
O vendedor disse o preço. Era carote.
– E aquela? – perguntou o homem, apontando a de barro.
O vendedor disse o preço. Era baratucho.
– Mas se levar as duas, faço-lhe um bom desconto –
acrescentou o vendedor.
O homem aceitou. Valia a pena.
Afinal, não valeu. Metidas no mesmo saco, aconteceu
que, com os solavancos da viagem, a panela de ferro
rachou a panela de barro. Rachou-a e partiu-a
Quando o homem chegou a casa e tirou as compras que
tinha feito, viu, desolado, a panela de barro reduzida a
cacos.
– Não devia ter posto as duas juntas – reconsiderou o
homem.
Perdeu uma panela, mas ganhou uma lição. Do mal a
menos…
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